Novo livro de Robério Santos é Anunciado




O nove provisório é Judas, o Salvador nome no entanto polêmico e que de cara já nos dá a impressão que algo misterioso está no ar. A primeira página do livro vasei na internet e agora publico-o aqui para vocês leitores de meu blog.

Episódio I

Capítulo I

O Achado


1942, deserto do Saara, Egito. Em plena Segunda Guerra Mundial, eu e um grupo de arqueólogos cruzávamos as areias eternas e infinitas em busca de um tesouro. Havia uma lenda local que falava de um conjunto de pergaminhos que havia desaparecido em uma tempestade de areia em 1786. Esses papiros continham uma história que ficou sendo passada de forma errada e informal de boca em boca. A lenda era sobre a verdadeira criação religiosa, um punhado de idéias narradas em Latim e Aramaico. O desejo do encontro era muito grande, da curiosidade mais ainda. O mundo em conflito que já durava três anos e a iminência de um ataque causava pânico a todos que já enfrentavam a morte em terras estrangeiras.
Uma semana se passou e nada de chegarem respostas a tantas perguntas. O calor, a sede e o cansaço tomaram conta de nossos espíritos. O desânimo era total. No décimo quarto dia de procura um grupo de beduínos foi avistado transitando em seus camelos. Uma cena surreal mais saída de filmes como Lawrence das Arábias ou 1001 noites. Houve uma pequena aproximação entre os dois grupos. Certo temor pairava nos olhares de cerca de vinte pessoas que compunha os forasteiros qualificados como invasores. Alguns minutos se passaram e um dos AL bedu desceu de seu camelo e se aproximou mais ainda. Falando em Árabe Levantino murmurou algo como مرحبا² (isso mesmo, leitor, essa mesma sensação que estás compartilhando agora ao ler o fragmento houve também do grupo de cientistas que me acompanhava). Sem entender sequer um fonema, mas agraciados por um sorriso companheiro, eles seguiram os homens das areias sem ao menos cogitar o que poderia acontecer com eles.
Horas se passaram e não chegou a canto algum. Outro beduíno desceu de seu dromedário e se ajoelhou na areia. Curvou-se em meio ao nada e bravejou alto com algumas palavras indecifráveis que anos depois identifiquei que era o Copta³. Do nada um vendo soprando no sentido contrário ao caminho que trilhávamos começou a jogar mais areia em nossa direção que o natural. Parecia a formação de uma enorme tempestade de areia. O homem continuava algo como uma antiga oração egípcia nunca testemunhada por alma nenhuma do mundo material. Os outros apenas o olhavam e cuidavam para que não interferíssemos. A movimentação de saibro era intensa e nossos olhos já não conseguiam permanecer abertos. Antes de me esconder deu para ver que uma enorme pirâmide estava sendo descoberta por aquela força eólica descomunal. Aquilo realmente assustou o nosso grupo.


¹Os Beduínos são um povo nômade que vive nos desertos do Oriente Médio e do norte da África. Os beduínos representam cerca de 10% dos habitantes do Oriente Médio e têm o nome derivado das palavras árabes al bedu ("habitantes das terras abertas") ou al beit ("povo da tenda"). O mais provável é que essa cultura tenha surgido ainda na Antiguidade, no norte da atual Arábia Saudita. A partir do século VII, porém, quando os árabes conquistaram o norte da África, os beduínos se dispersaram também nesse continente. Na Arábia, onde sempre viveram os grupos principais, as difíceis condições de vida no deserto geraram conflitos pelo uso de poços de água e pastagens, levando bandos de beduínos a eventuais ataques a caravanas e outras formas de roubo contra vizinhos e forasteiros. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o estilo de vida desse povo começou a entrar em decadência. Submetidos ao controle dos governos dos países onde viviam, eles passaram a enfrentar dificuldades para perambular à vontade como nômades. O número de beduínos diminuiu e hoje o estilo de vida deles é cada vez mais sedentário. Entretanto, a fervorosa adesão ao islamismo e o caráter tribal das sociedades permanece. Cada grupo reúne várias famílias sob a liderança máxima de um chefe hereditário, conhecido como "xeque". As várias tribos também têm status diferente. Algumas são consideradas "nobres", porque teriam importantes ancestrais. Outras, "sem ancestrais", servem às de maior status, com seus membros atuando como artesãos, ferreiros, artistas ou fazendo outros tipos de trabalho.

²مرحبا = Bem vindo em Árabe

³ O copta foi a última língua falada pelos antigos egípcios.

Patapon